Na última Assembleia da CNBB, ocorrida no ano passado, os bispos aprovaram as Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil. Conscientes da tarefa de anunciar a Palavra de Deus em um Brasil cada vez mais urbano, os pastores da Igreja querem convocar todos os fiéis a uma renovação de suas forças missionárias. Na verdade, a Conferência de Aparecida já havia destacado o eixo central da evangelização com a proposta de um discipulado missionário, sem o qual a Igreja não conseguiria cumprir o “Ide” de Jesus aos seus discípulos e, por eles, a todos nós. A superação de todo desânimo e indiferença frente à urgência evangelizadora, é a chave de interpretação de uma fé comprometida e atenta aos desafios e transformações de nosso País. Não devemos temer, pois o Senhor Jesus sempre nos acompanha neste itinerário. A alegria do Evangelho sempre nos revigora, dirigindo nosso olhar para um mundo melhor.
Além de inspirar os planos pastorais das igrejas particulares, as Diretrizes Gerais se pautam na imagem da Casa, entendida como comunidade eclesial missionária. A casa nos remete ao ambiente familiar onde todos vivem um vínculo fraterno e humano, com a cooperação e participação de todos os seus membros. Ela é a imagem da proximidade, da presença e da acolhida. Uma comunidade autêntica e missionária tem de ter estas virtudes. Tais traços de familiaridade nos auxiliam na conscientização de que a missão de Jesus deve estar no coração de toda a Igreja. A missão não pode ser um elemento estranho à Igreja, mas como a casa que nos é familiar e referencial. Ela “é a alma da Igreja evangelizadora a quem pedimos, incessantemente, que venha renovar, sacudir, impelir a Igreja numa decidida saída de si mesma a fim de evangelizar todos os povos” (EG, n. 261).
As novas Diretrizes Gerais propõem à Igreja no Brasil um apelo de retorno às fontes da experiência das primeiras comunidades cristãs. Elas nos ajudam a ler o momento histórico atual e, no contexto urbano, formar comunidades eclesiais vivas e missionárias, pois elas devem ser um luzeiro no meio do mundo, entendido como o lugar da presença de Deus e vivência do Evangelho.
A Campanha missionária que acontece neste mês de outubro, destaca o desafio do momento que estamos vivendo. Por isso, o Papa Francisco nos propôs como tema: A vida é missão; e como lema: Eis-me aqui, envia-me (Is 6,8). Não podemos ficar tranquilos em nossa zona de conforto, mas temos que levar a Palavra do Amor de Deus a todos os corações e em todas as circunstâncias e ocasiões, principalmente neste deserto difícil que estamos atravessando, imposto pela pandemia. Mas, se a missão estiver no coração de toda Igreja, ela será capaz de suscitar um novo tempo de esperança e alegria, pois ela tem a capacidade de preencher todo sentido de nossa existência. Por isso ela é vida. A vida é missão. “A missão no coração do povo não é uma parte da minha vida, ou um ornamento que posso pôr de lado; não é um apêndice ou um momento entre tantos outros da minha vida. É algo que não posso arrancar do meu coração (…) Eu sou uma missão de Deus nesta terra, e para isso estou neste mundo” (EG, 27 e 273).
Que este mês, celebrado e vivido por toda a Igreja, reaviva em nós o ardente desejo de estarmos sempre em missão, e vivermos como autênticos discípulos comprometidos com um apostolado profético e transformador.