Inspirado no estilo de vida de São Francisco de Assis e na parábola do Bom Samaritano, Papa Francisco publicou mais uma encíclica que atrai o olhar do homem de fé e de todos os homens de boa vontade, intitulada “Fratelli Tutti”. Nela o Papa propõe um amor que ultrapassa as barreiras da geografia e do espaço, isto é, um amor que não conhece limites e nem fronteiras. A fraternidade e a amizade social fazem com que valorizemos e amemos todas as pessoas, independente da sua condição social, étnica ou nacionalidade. Fazer com que todos sejam destinatários deste amor é o princípio da fraternidade universal, pois vivemos “às sombras de um mundo fechado”.
Por isso, Papa Francisco toma como referência a parábola do Evangelista Lucas, a fim de nos inspirar em nossas ações diante de um mundo fragilizado e dilacerado pelo consumismo e individualismo. O Papa não nega no corpo da Encíclica, que as questões relacionadas com a fraternidade e amizade social sempre estiveram entre as suas preocupações mais prementes (F T, 5); certo de que Deus criou todos os seres humanos e os chamou a conviver entre si como irmãos.
A proposta da Encíclica não se encerra numa pura ideia de fraternidade e amizade, mas quer se abrir a um diálogo concreto entre todos os que habitam esta “casa comum”. Tal diálogo torna imprescindível o reconhecimento da dignidade de cada pessoa humana. Se o Papa propõe à Igreja um caminho de sinodalidade para juntos superarmos o desafio da evangelização no mundo atual; da mesma forma, sugere nesta Encíclica o caminho de uma humanidade renovada a partir de uma vida aberta aos outros e de um sonho comum: “ninguém pode enfrentar a vida isoladamente; precisamos duma comunidade que nos apoie, que nos auxilie e dentro da qual nos ajudemos mutuamente a olhar em frente. Como é importante sonhar juntos! (…) sozinho, corre o risco de ter miragens, vendo aquilo que não existe; é juntos que se constroem os sonhos” (FT, 8).
A lógica de Deus que se revela plenamente e se doa no Mistério da Encarnação do seu Filho, nada mais é do que a superação do ódio, indiferença e dos conflitos, pois Cristo fez de todos os povos um só. A fraternidade é a virtude que permite sermos todos iguais, apesar das nossas diferenças. “Quando não se salvaguarda este princípio elementar, não há futuro para a fraternidade nem para a sobrevivência da humanidade” (FT, 107).