Paróquia de Campanha enfeita as ruas e demonstra sua fé no Jesus Eucarístico
Na última quinta-feira, dia 15 de junho, a Igreja celebrou a Solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo. Na paróquia Santo Antônio de Campanha, sé diocesana, foram celebradas 3 missas: 7h, 10h e 15h. Durante a celebração das 10h, os Ministros da Comunhão realizaram, na presença do vigário paroquial, Con. José Hugo Goulart, a renovação dos votos. Às 15h, foi celebrada a missa solene, presidida pelo bispo diocesano, D. Pedro Cunha Cruz. Após a celebração, foi realizada a procissão com o Santíssimo Sacramento pelas ruas da cidade. A celebração vespertina foi concelebrada pelo pároco e chanceler do bispado, Pe. Luzair Coelho de Abreu; pelo vigário e reitor do Seminário Propedêutico S. Pio X, Pe. Edson Pereira de Oliveira. Cantou a celebração, o Coral Catedral, sempre presente nas celebrações e momentos solenes da paróquia.
Homenagem
Antes do início da procissão, aproveitando a presidência do bispo na celebração, o Conselho Pastoral Paroquial, representado pela sua diretoria, prestou uma homenagem D. Pedro, uma vez que, nesta sexta-feira, dia 16, o bispo celebra o seu natalício.
A solenidade de Corpus Christi
A Solenidade de Corpus Christi, hoje chamada de Solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo, é uma data móvel dentro do calendário litúrgico católico. Acontece sempre 60 dias após o Domingo de Páscoa, na quinta-feira subsequente à solenidade da Santíssima Trindade.
A solenidade surgiu na Idade Média, no século XIII, na diocese de Liège, na Bélgica, por iniciativa da freira Juliana de Mont Cornillon, que recebia visões nas quais o próprio Jesus lhe pedia uma festa litúrgica anual em honra da Sagrada Eucaristia. Aconteceu que quando o padre Pedro de Praga, da Boêmia, celebrou uma Missa na cripta de Santa Cristina, em Bolsena, Itália, ocorreu um milagre eucarístico: da hóstia consagrada começaram a cair gotas de sangue sobre o corporal após a consagração. Dizem que isto ocorreu porque o padre teria duvidado da presença real de Cristo na Eucaristia.
O Papa Urbano IV (1262-1264), que residia em Orvieto, cidade próxima de Bolsena, onde vivia S. Tomás de Aquino, ordenou ao Bispo Giacomo que levasse as relíquias de Bolsena a Orvieto. Isso foi feito em procissão. Quando o Papa encontrou a Procissão na entrada de Orvieto, pronunciou diante da relíquia eucarística as palavras: “Corpus Christi”. Em 11 de agosto de 1264 o Papa aprovou a Bula “Transiturus de mundo”, onde prescreveu que na quinta-feira após a oitava de Pentecostes, fosse oficialmente celebrada a festa em honra do Corpo do Senhor. São Tomás de Aquino foi encarregado pelo Papa para compor o Ofício da celebração. Até hoje o hino composto é cantado nas missas de Corpus Christi: a sequência “Terra exulta de alegria” (Lauda Sion – original em Latim).
Antes disso, em 1247, realizou-se a primeira procissão eucarística pelas ruas de Liège, como festa diocesana, tornando-se depois uma festa litúrgica celebrada em toda a Bélgica. Posteriormente, o papa Clemente V, confirmou a Bula de Urbano IV, tornando a Festa da Eucaristia um dever canônico mundial. Em 1317, o Papa João XXII publicou na Constituição Clementina o dever de se levar a Eucaristia em procissão pelas vias públicas. A partir da oficialização, a Festa de Corpus Christi passou a ser celebrada todos os anos na primeira quinta-feira após o domingo da Santíssima Trindade.
A tradição dos tapetes
A tradição dos tapetes de Corpus Christi foi introduzida no Brasil pelos colonizadores portugueses. Muitas cidades enfeitam as ruas com tapetes coloridos para a passagem do Santíssimo Sacramento. A confecção dos tapetes representam a manifestação pública da crença dos fiéis no Jesus Sacrementado. Os desenhos, geralmente são temas eucarísticos. E os materiais utilizados são próprios de cada local. Aqui em Campanha, rica em oficinas de artesanato e marcenarias, o principal material é a serragem. As equipes de ornamentação começam as atividades no começo da manhã. Para melhor organização, a prefeitura municipal demarca o trajeto da procissão, assinalando o caminho por onde as equipes deverão confeccionar o tapete.
A procissão
Após a missa solene das 15, os fiéis saíram em procissão pelas ruas da cidade. A procissão este ano aconteceu ao redor da praça D. Ferrão, onde está localizada a Catedral Santo Antônio. Durante o percurso, foram realizadas três paradas com a Bênção do SSmo. Sacramento. E quarta bênção foi realizada no retorno da procissão à Catedral. Animou a procissão com cânticos e orações, o vigário Paroquial, Pe. Edson.
Após a última bênção, já na Catedral, pe. Edson convidou a assembleia para, juntos, realizarem a Jornada de Oração pelo Brasil” convocada pela CNBB. Após a leitura do comunicado enviado às dioceses, o vigário convidou a assembleia à oração, respondendo: “Pai Misericordioso, nós vos pedimos pelo Brasil”
A homilia
Em sua homilia, durante a celebração
“Nós sabemos que a fé exige esses dois elementos: a razão de um lado, e um dado revelado por Deus. Mas o que significa ter fé? É acolher tudo aquilo que Deus quis revelar para o nosso bem e para a nossa salvação, em nossa vida, em nosso ser, em nossa alma, em nosso coração. Esse é o sentido mais profundo de nossa fé. Parece uma visão muito elementar, mas não é! É uma definição muito profunda, por que é aquilo mesmo que Deus quis manifestar, preparando já seu povo, como nós vimos na I Leitura. O povo se sentia abandonado por Deus, porque Ele tinha libertado o povo da escravidão do Egito. E, entre o Egito e a promessa da Terra Prometida, existia um vazio. Mas na verdade, não era um vazio, era um silêncio temporário de Deus. Muitas vezes Deus se silencia e nós achamos que ele nos esqueceu ou nos abandonou. Mas é assim que Ele se manifesta. E é assim, no silêncio, que nós nos expressamos a adoração à presença real de seu Filho na Eucaristia, quando o sacerdote ergue a hóstia e o cálice que estão sendo transformados em corpo e sangue de Cristo. Quem não tem fé, não entende o silêncio de Deus!”
“Temos então o primeiro sinal que Deus dá do pão [ainda sobre a I Leitura]. Hoje é o dia para nós pensarmos no pão. Acabamos de celebrar a festa de nosso padroeiro, anteontem [13/06], e falamos da importância do pão para ele para todos aqueles que se serviam do seu ministério sacerdotal. É a primeira vez que Deus vai saciar a fome do seu povo através do maná do deserto. O maná do deserto é sinal que Deus queria estar próximo de seu povo. Era Ele que estava sustentando os passos de seu povo na travessia do deserto.”
“Recebi uma mensagem de um amigo perguntando: ‘Dom Pedro, na quinta-feira eu devo participar só da missa ou só da procissão?’. Respondi: ‘Da missa e da procissão’. Esta procissão é uma procissão de preceito porque esta solenidade nasceu de uma procissão. Claro que ela é uma consequência daquilo que é celebrado sobre o altar do Senhor. Assim também, essa procissão recorda a caminhada do povo de Israel no deserto para a Terra Prometida. E a cada vez que o povo tinha fome, Deus tinha que providenciar através de Moisés, o maná”
“O Santo Evangelho, o sexto capítulo de João, temos o discurso do Pão da Vida. Mais uma vez Jesus resgata a importância do pão. Hoje é a festa da presença real de Cristo! […] Jesus pega essa imagem: ‘Este pão que eu vos dou leva para a vida eterna!’. O que nós comungamos na eucaristia hoje é uma antecipação da eternidade. […] Mas assim como o alimento de Jesus era fazer a vontade do Pai, ele nos dá o alimento para quem come a sua carne e bebe o seu sangue. Por isso Ele fala da unidade: ‘Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele.’ Daí a ideia do sacramento da unidade: Jesus está unido a nós quando comungamos deste augusto sacramento da eucaristia!”
“A II leitura é um primor! Mas vocês podem dizer: ‘Dom Pedro, mas é uma leitura tão pequeninha!’ São apenas 2 versículos da primeira carta de São Paulo aos Coríntios. Mas que riqueza temos aí nesses dois versículos! É o relato mais antigo da instituição da Eucaristia nas comunidades dos padres da Igreja, presente já catequese da Didaqué. É um dos relatos do primeiro século do cristianismo. A Igreja repete essa experiência que foi do apóstolo Paulo, que foi a experiência dos apóstolos nas suas comunidades; e depois dos padres sucessores dos apóstolos, e depois dos bispos que foram surgindo no mundo inteiro. Então, desta verdade, deste mistério, não podemos nos distanciar. E não o fazemos!”
“Nós poderíamos falar a tarde inteira, entrando pela noite, desta Sequência! [Lauda Sion hino composto por São Tomás de Aquino] […] ‘Se não vês nem compreendes, gosto e vista tu transcendes, elevado pela fé’. A fé faz transcender o fato de você ter que ver Jesus fisicamente naquele pedaço branco de pão. É aquilo que você não vê pelo olhar físico, o olhar da fé enxerga! Se você não consegue enxergar a presença do Cristo ali, pois é um mistério, sua fé não está bem sustentada! Eu me lembro de um padre espanhol, com quem fiz a minha primeira Eucaristia, eu tinha de 9 para 10 anos. Ele dizia assim: ‘Vocês vão receber o corpo e o sangue do Senhor, não se impressionem! O gosto vai ser o mesmo!’ E ele dava, antes mesmo da primeira Eucaristia, a hóstia não consagrada. Não dava vinho, pois éramos menores, para que nós sentíssemos o gosto. E dizia: “O que eu estou dando para você não é o corpo do Senhor. Esta hóstia que estou dando para você é apenas trigo com a água! É apenas para vocês sentirem o gosto. No dia da primeira comunhão de vocês vão sentir esse mesmo gosto: do trigo e da água. Só que vocês vão sentir a presença do Cristo!’ O que nós sentimos é uma coisa; o que a nossa fé percebe é outra! ‘Pão e vinho, eis o que vemos; mas ao Cristo é que nós temos’”