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Retiro anual do Clero Campanhense. Tempo de Graça e de Esperança

Retiro anual do Clero Campanhense. Tempo de Graça e de Esperança

Entre os dias 24 e 27 de fevereiro, em Passa Quatro – MG, o Clero Campanhense realizou seu Retiro Anual, um tempo sagrado de oração, reflexão e vivência da fraternidade presbiteral. No contexto alegre da celebração do Ano Jubilar, o retiro teve como tema “O presbítero: servidor e testemunha da esperança” e foi conduzido por Dom Gilson Andrade da Silva, bispo diocesano de Nova Iguaçu/RJ. Sob sua orientação, nós, padres, acompanhados por nosso bispo, Dom Pedro Cunha Cruz, pudemos aprofundar nossa compreensão sobre a identidade e missão presbiteral, além de reabastecer as forças para continuar servindo ao Povo de Deus com dedicação e amor.

 

O PRESBÍTERO: UM PEREGRINO CONFIGURADO A CRISTO

Ao longo do retiro, Dom Gilson nos levou a refletir sobre o ministério sacerdotal como um caminho de configuração cada vez mais profunda a Cristo, o Bom Pastor. A imagem do caminho esteve presente em todas as reflexões, recordando-nos que somos peregrinos, guiados pela Palavra de Deus, que nos sustenta e nos oferece companheiros ao longo da jornada.

Um desses companheiros é o Profeta Elias. Ao refletir sobre sua vocação, Dom Gilson destacou que “o encontro com a Palavra de Deus deu um novo horizonte à vida do profeta”. Elias, mesmo diante das perseguições e dificuldades, ao ponto de fugir para o deserto, experimentou a graça divina, que o alimentou e renovou suas esperanças, permitindo-lhe retomar sua missão com novo vigor.

Outro modelo essencial para a identidade e missão do presbítero, segundo o pregador, é o Bom Samaritano. Na parábola contada por Jesus, aprendemos que o verdadeiro servidor é aquele que se detém diante da dor do outro, vê, se compadece e age. O presbítero, à semelhança do Bom Samaritano, é chamado a ser um homem de proximidade, que se curva para cuidar das feridas espirituais e existenciais do povo, derramando sobre elas o óleo da misericórdia.

Como ensina o Papa Francisco – e foi bem destacado na reflexão –, o pastor deve ter “o cheiro das ovelhas”, caminhando com elas e partilhando suas alegrias e dores. Para isso, ele deve cultivar as quatro proximidades fundamentais propostas pelo Papa: proximidade com Deus, proximidade com o bispo, proximidade com os irmãos no sacerdócio e proximidade com o povo. Assim como o Bom Samaritano não permaneceu indiferente ao sofrimento do outro, mas aproximou-se, viu, compadeceu-se e cuidou, o presbítero deve viver essas proximidades de maneira concreta. A intimidade com Deus fortalece seu ministério e o impede de se tornar apenas um funcionário do sagrado. A comunhão com o bispo garante a unidade na missão. O vínculo fraterno com os outros sacerdotes sustenta sua caminhada. E a proximidade com o povo o torna testemunha da esperança e sinal visível do amor de Cristo.

 

AS FASES DA VIDA SACERDOTAL: FIDELIDADE ATÉ O FIM

Outro ponto de grande riqueza no retiro foi a reflexão sobre as diferentes fases da vida sacerdotal. Dom Gilson destacou três momentos essenciais na trajetória do presbítero: a juventude, a meia-idade e a senescência – esta última, uma etapa de profunda maturidade espiritual.

Ser padre é um chamado para toda a vida! A fidelidade à vocação não pode ser medida apenas pelo vigor da juventude, mas pela perseverança e entrega total até o fim. Em suas palavras, “o que sobra na vida de um padre é Cristo!”. Essa afirmação ressoa como um convite à simplicidade e essencialidade da vida sacerdotal. No final de tudo, Cristo permanece como a única riqueza e herança verdadeira daquele que se consagrou ao Seu serviço.

 

MARIA, MÃE DA ESPERANÇA E INTERCESSORA DOS SACERDOTES

No encerramento do retiro, Dom Gilson dedicou uma profunda reflexão à Virgem Maria, destacando que ela é uma testemunha autêntica da esperança. Recordando as palavras do Papa Francisco, na Bula de proclamação do Jubileu Spes non confundit: “A esperança encontra, na Mãe de Deus, a sua testemunha mais elevada. Nela vemos como a esperança não seja um efêmero otimismo, mas dom de graça no realismo da vida.”

Maria, Mãe dos Sacerdotes, nos ensina a viver com fidelidade a missão recebida, confiando sempre na providência divina e guardando a Palavra no coração, como fez em toda a sua vida.

 

CORAÇÕES RENOVADOS PARA A MISSÃO

Após esses dias de recolhimento e profunda experiência com Deus, elevamos nossa gratidão ao Senhor, nossa única esperança, suplicando que este tempo de graça nos fortaleça para sermos, em nossas comunidades, sinais vivos da esperança que não decepciona. Que Maria, Mãe da Esperança, interceda por nós, para que possamos seguir com corações renovados na missão que o Senhor nos confiou. Nosso especial agradecimento a Dom Gilson, por sua presença fraterna e por compartilhar conosco esse tempo fecundo de oração, amadurecimento espiritual e de renovação do nosso sim à missão que recebemos no dia de nossa ordenação.

 

 

Escrito por: Pe. João Paulo Gonçalves de CarvalhoAssessor diocesano da Pascom e Diretor da Rádio Diocesana FM 100,3

Fotos: Pe. João Paulo e Pe. Joaquim Soares 

Foto de Diocese da Campanha

Diocese da Campanha

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