O Sínodo sobre a família foi enriquecido por debates que nos conscientizaram da necessidade de descobrirmos novos caminhos pastorais que tenham sempre presente a doutrina da Igreja e a urgência de respostas aos desafios atuais; sem tirar de foco as famílias cristãs como sujeitos principais da pastoral familiar, pois a tarefa da Igreja ao pregar o Evangelho da Família é aquela de uma autêntica educação ao amor que seja sólido, forte, duradouro e capaz de enfrentar todos os imprevistos de uma vida matrimonial. O anúncio deste Evangelho requer uma pastoral do acompanhamento às famílias, a fim de que elas ocupem um lugar central no quadro e nos projetos pastorais da Igreja. Como nos lembra a própria Exortação Pós-sinodal: “uma autêntica pastoral familiar requer um esforço evangelizador e catequético dirigido à família” (Amoris Laetitia, n, 200). Isto exige uma pastoral encarnada, pautada nos problemas reais das pessoas e da vivência matrimonial. Não se trata de anunciar o Evangelho como pura normativa, mas de propor e repropor valores em meio ao mundo marcado por uma forte secularização. Portanto, nós pastores temos que encorajar os leigos e leigas no comprometimento e no protagonismo em meio a este quadro cultural desafiador. A alegria e a coragem no anúncio deste Evangelho não nos devem faltar.
Dada a complexidade da realidade social e dos desafios que a família enfrenta atualmente, o sínodo também quis propor uma pedagogia do amor que supõe a exigência de um maior envolvimento comunitário ou eclesial que privilegie o testemunho das próprias famílias. Tal pedagogia, requer que a preparação para o matrimônio esteja no itinerário da iniciação cristã, sublinhando o nexo entre o matrimônio e o batismo e toda vida sacramental da Igreja. Isto implica que a referida preparação à vida matrimonial reflita uma verdadeira experiência de participação na vida eclesial. Deste modo, toda comunidade é convidada a acompanhar o caminho de amor dos noivos, em um processo pedagógico que não afaste os jovens desse sacramento, mas que prime pela qualidade de um renovado anúncio querigmático que faça amadurecer o amor deles pela riqueza da proximidade e do testemunho, tornando-os capazes de um compromisso pleno e definitivo, como exige o matrimônio cristão.
A pedagogia da educação ao amor tende a ajudar os cônjuges a crescer no amor e a viver o Evangelho na família. Neste sentido é que a Exortação Pós-sinodal destaca uma pastoral do vínculo, na qual se ofereçam elementos que ajudem a amadurecer o amor que supera os momentos duros (Cf. Amoris Laetitia, n, 211). A vocação ao amor implica o homem integralmente, como lembrou São João Paulo II, pois o amor nasce de um amor primeiro que o homem recebe como dom e que deve colocar no início de qualquer educação, de forma que se possa chamar com propriedade de “educação para o amor” (Cf. Redemptoris Hominis, n, 10; Familiaris Consortio, n, 11). Só se podem casar aqueles que se escolhem livremente e se amam, pois o matrimônio é uma questão de amor. Nesta pedagogia importa mostrar aos noivos e casados que o amor que os une deve ser sempre fortalecido e santificado pela graça de Deus. Somente assim eles serão capazes de perceber o peso teológico e espiritual do consentimento ou do sim “até que a morte os separe”.
D. Pedro Cunha Cruz
Bispo Diocesano da Campanha-MG