O tempo molda a história com mãos firmes e sábias. Há 115 anos, um sonho começou a tomar forma, não apenas com pedras e tijolos, mas com vocações e vidas doadas. Desde os primeiros passos na casa do Padre Soares, que era na Rua do Hospício, passando pela Rua do Fogo, até se estabelecer atrás da Catedral da Campanha, onde formadores como os Monsenhores Lucas Maia e Domingos, ajudaram o Seminário Diocesano Nossa Senhora das Dores a crescer como uma árvore frondosa, cujas raízes profundas sustentam gerações de sacerdotes e homens comprometidos com a fé e com a transformação da sociedade.

Ali, Deus agiu e age como o artesão paciente que esculpe cada coração chamado ao ministério sacerdotal. O Seminário é mais do que uma instituição; é uma Escola do Evangelho, onde Cristo, o Bom Mestre, forma aqueles que, com humildade e docilidade, se deixam moldar.

Ao longo do tempo, homens foram sendo preparados para anunciar a Palavra, levar esperança e saciar a sede espiritual do mundo, incontáveis jovens passaram por aquela casa. Meninos de calças curtas, cheios de sonhos ou sem nada esperar, chegaram acompanhados pelos pais e vigários, confiando a Deus seu futuro. Muitos vestiram a batina e o barrete, estudaram com afinco, jogaram futebol na quadra, fortaleceram amizades e, entre as paredes do Seminário, enfrentaram desafios, lágrimas e alegrias. O que se viveu ali está gravado na memória de cada um que percorreu aqueles corredores e se debruçou sobre os livros, buscando sabedoria nos clássicos e nas Escrituras.

Mas se há alguém que tudo viu, acompanhou e guardou no coração, esta é a Senhora das Dores. Desde o primeiro Bispo da Campanha, Dom Ferrão, ela foi instituída como Mãe e Guardiã deste Seminário. Na capela, onde seu olhar repousa sobre cada um de seus filhos, sua presença silenciosa e amorosa nunca deixou de sustentar aqueles que tudo deixaram para, decididamente, caminhar com Cristo em direção ao Calvário.

Hoje, o Seminário chega aos 115 anos com a maturidade de um ancião sábio, mas com o ardor de quem ainda tem muito a realizar. Seu compromisso permanece o mesmo: formar santos sacerdotes, homens de fé, pastores segundo o coração de Deus, preparados para responder aos anseios mais profundos do nosso tempo. Assim, segue sua missão, sendo terra fértil onde a semente da vocação continua a brotar e florescer para a glória de Deus e o serviço à Igreja.

Que Nossa Senhora das Dores continue a interceder por esta casa e por todos aqueles que fazem parte de sua história, para que nela, hoje e amanhã, muitos outros possam continuar dizendo “sim” ao chamado do Senhor.

Texto: Côn. Bruno César Dias Graciano – Cura da Catedral de Santo Antônio e Chanceler do Bispado