Fiéis da Diocese de Campanha, se reúnem na celebração da unidade
Manhã de quinta-feira, dia 13 de abril de 2017: a paróquia Santo Antônio, sé diocesana de Campanha, recebe caravanas das diversas paróquias que formam esta Igreja Particular. A diocese de Campanha é formada por cerca de 70 paróquias distribuídas em 49 cidades do Sul de Minas. Foi celebrada na Catedral, a solene missa do Crisma, também chamada de Missa da Unidade. A celebração foi presidida pelo bispo diocesano D. Pedro Cunha Cruz e concelebrada pelo bispo emérito D. Diamantino Prata de Carvalho, ofm, e pelo clero diocesano. Além do clero diocesano, também estiveram presentes diversos padres religiosos que estão ajudandno na Semana Santa em outras paróquias.
A celebração
Antes do início da celebração, o bispo diocesano, acompanhado de parte do cabido diocesano aspergiu a assembleia e dirigiu-se à capela do Santíssimo Sacramento para sua oração pessoal.
Na manhã de quinta-feira, a Igreja Particular reunida celebra o nascimento do sacerdócio que é a participação na consagração de Jesus Cristo. A unção do batismo, da crisma e da ordenação sacerdotal conferem ao cristão, que quer dizer ungido, sua característica sacerdotal e seu ministério a serviço do povo sacerdotal.
Após a homilia, o bispo dirige-se aos presbíteros presentes, convidando-os “a renovar as promessas que um dia fizeram ao bispo e ao povo de Deus” [conf. Ritual da missa crismal] Neste momento, os sacerdotes renovam seu compromisso com o ministério sagrado e com a missão de ensinar, por amor, pela Eucaristia e outras celebrações, aos seres humanos.
A bênção dos óleos
Momento forte da missa crismal é a bênção dos óleos dos enfermos e dos catecúmenos; e a consagração do Santo Crisma. O óleo dos enfermos é utilizado no sacramento da Unção dos Enfermos e nos recorda que devemos refazer as forças do corpo humano. O óleo dos catecúmenos,é usado no Batismo, para que os catecúmenos (aqueles que vãos ser batizados) possam ter foça de renunciar ao demônio e ao pecado antes de se aproximarem da fonte da vida e aí renascer.
O Santo Crisma é consagrado. Dos três óleos, é o único que é recebe o perfume. Durante a oração de consagração o bispo convida todos os presbíteros presentes para que estendam a mão e também peçam a unção do Espírito Santo sobre o óleo. O santo crisma é utilizado nas celebrações do Batismo e da Confirmação
Homilia episcopal
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Em sua homilia, D. Pedro dirigiu-se especialmente aos presbíteros presentes.
“A unidade que celebramos hoje está alicerçada no amor à vontade divina na caridade e fraternidade da vida sacerdotal; é isto que nos ajuda a construir uma unidade de vida. O sacerdote deve tender a ela sempre por um motivo. O crescimento desta unidade entre nós se fundamenta sempre no amor fraterno e na caridade pastoral, além do testemunho como reflexo de nossa vida interior. Como diz o evangelista Lucas no evangelho que foi proclamado: “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me consagrou com a unção para anunciar a Boa-Nova aos pobres” [conf. Lc 4, 18]. Se formos pastores desejos do amor de Cristo e da consequente caridade pastoral, seremos também um evangelho vivo. Somos portadores de uma consagração ontológica que se estende por tempo integral: não existe folga ou férias do nosso ser padre, nós o somos 24h por dia.”
“Ouvimos na Leitura do Apocalipse o evangelista João que ‘Jesus nos ama… fez de nós um reino, sacerdote para seu Deus e Pai’ [conf. Ap 1, 5-6 – passagem também utilizada no canto processional de entrada]. Nós, presbíteros, fomos chamados na Igreja com uma vocação e missão especial , ou seja, amar a Jesus incondicionalmente. Ser pastores com Ele, como Ele e para Ele. Conforme nos diz o beato Paulo VI, no decreto conciliar Presbyterorum Ordinis, “recebemos uma graça especial para sermos pastores santos” [conf. PO 12]. O beato já nos levava a dizer: ‘Se és sacerdote, porque não és santo? E, se não és santo, para que és sacerdote?’ Deus dá aos pastores um caminho para santificar-se. Exercendo-se autêntica e incansavelmente seu mistério no Espírito de Cristo, cada atividade ministerial produz santidade [conf. PO 13]. Desta forma, contemplando o Bom Pastor, os ministros ordenados alcançarão o vínculo da perfeição sacerdotal que leva à unidade suas vidas e atividades. Imitamos Cristo em sua entrega e em seu serviço. O santo São João Paulo II, na exortação pós-sinodal Pastores dabovobisnos diz: ‘É a doação de nós mesmos que mostra o amor de Cristo por seu rebanho, através de nosso modo de pensar e agir, nosso modo de comportar-nos com o povo’ [conf. PDV 23]. A caridade pastoral, nossa marca específica de ministros de Deus, não permite tratar mal o rebanho a nós confiado, mas a levá-lo cada vez mais a Deus, como pontes que devemos ser e não muros da discórdia, da divisão, da insensibilidade e até da infâmia. Somos ministros da misericórdia, para além de um ano só que já vivemos dedicados a ela.”
Ao final de sua pregação, D. Pedro Cunha Cruz fez questão de lembrar os irmãos coptas, que foram assassinados no Domingo de Ramos. A Igreja Ortodoxa Copta está presente, sobretudo, no Egito, e é uma das tradições ortodoxas que estão em comunhão com Roma, portanto também católicos.
“Por fim, mesmo vivendo cada vez mais em uma cultura do ódio, da perseguição, da violência, da intolerância, e nós lembramos aqui dos nossos irmãos cristãos coptas, mortos em pleno Domingo de Ramos, e tantos outros ainda perseguidos, queremos compreender e viver a unidade e harmonia em nossas vidas de pastores e ministros de Deus. Vivemos em um tempo difícil, seja na economia, na ética, na política, na área social e previdenciária, e em várias esferas da existência, mas queremos agradecer a Jesus hoje, sua presença e seu amor por cada um de nós. A nossa unidade deve ser sinal de contradição a esta cultura dilacerada, pela discórdia e divisão. Como pastores, sentimos a necessidade de encontrar, cada vez mais, a unidade e harmonia entre nós, em nossa vida, e nosso ministério. Porém, a unidade e a harmonia dependem só do nosso esforço; assim não sentiremos nosso ministério e nossa vida como uma carga pesada.”
Os santos óleos
Os santos óleos abençoados durante a celebração, são distribuídos a cada paróquia da diocese. Antes da missa, o padre, ou um fiel por ele indicado, dirige-se ao Salão Paroquial e entrega à equipe da Mitra Diocesana, os recipientes onde os óleos serão transportados. Após a bênção dos óleos e consagração do crisma, estes são conduzidos ao local e a equipe responsável, ainda durante a celebração, faz a distribuição para as inúmeras paróquias da diocese.
O lanche
É um costume de longa data a paróquia Santo Antônio oferecer um lanche, após a celebração, para os fiéis de outras paróquias. O lanche, tradicionalmente é oferecido pelos Ministros Extraordinários da Comunhão no Fuhadão.
Fotos por Bruno Henrique