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QUARESMA: tempo de reconciliação e penitência!

QUARESMA: tempo de reconciliação e penitência!

Braso D. Pedro“Arrependei-vos e crede no evangelho”. Com estas palavras, Jesus começou seu ministério público. Ele nos chama à conversão. Cristo nos convida a esta caminhada de penitência e reconciliação através do ciclo litúrgico quaresmal.

O Catecismo da Igreja Católica ensina que o chamado de nosso Senhor Jesus Cristo à conversão e à penitência “não visa em primeiro lugar às obras exteriores, ‘saco e a cinza’, os jejuns e as mortificações, mas à conversão do coração, à penitência interior. Sem ela, as obras de penitência continuam estéreis e enganadoras: a conversão interior, ao contrário, impele a expressar essa atitude por sinais visíveis, gestos e obras de penitência.” (CIC 1430).

Oração, jejum e esmola são importantes práticas durante a Quaresma e são uma grande ajuda para o nosso crescimento espiritual. Tais práticas nos ajudam em nossa jornada de conversão. No entanto, estas não devem ser realizadas apenas como um cumprimento externo, mas como expressão de nossa disposição interior. A conversão de nossos corações deve ser aquilo que os Padres da Igreja chamaram de cumpunctio cordis, ou seja, arrependimento do coração.

Nossas obras externas de penitência devem ser acompanhadas por um desejo interior de reconciliação com o Senhor de se afastar do mal. Pedimos ao Senhor que nos ajude a superar os hábitos pecaminosos, a limpar-nos de desejos impuros e a purificar os modos de pensar ou de agir não cristãos que podem ter penetrado em nossas vidas. Às vezes, podemos experimentar forças poderosas dentro de nós, tentações que achamos difícil resistir. Dizemos a Deus: “Sede misericordioso, ó Senhor, porque pecamos”. Pedimos ao Senhor que nos leve pela mão e nos guie pelo caminho que Ele deseja que sigamos.

O Catecismo descreve o arrependimento interior como “uma reorientação radical de toda a vida, um retorno, uma conversão para Deus de todo nosso coração, uma ruptura com o pecado, uma aversão ao mal e repugnância às más obras que cometemos. Ao mesmo tempo, é o desejo e a resolução de mudar de vida com a esperança da misericórdia divina e a confiança na ajuda de sua graça.” (CIC 1431).

A boa notícia da Quaresma é que Deus nos dá força para começarmos de novo. Ele nos dá sua graça. Pensamos especialmente no grande dom que nos deu no Sacramento da Penitência e da Reconciliação. Jesus instituiu este sacramento para nos oferecer uma nova oportunidade de conversão e restauração à graça de Deus. Portanto, há uma verdadeira “ressurreição espiritual” em nós. Em certo sentido, passamos da morte para a vida quando vamos à confissão e recebemos a absolvição.

Os atos de caridade para com o nosso próximo fazem parte da nossa jornada quaresmal de conversão. Nossos corações são movidos a esta conversão quando olhamos para Aquele que nossos pecados transpassou. São Clemente de Roma em sua obra, Carta aos Coríntios, no capítulo 7, versículo 4 escreveu: “Tenhamos os olhos fixos no sangue de Cristo, e compreendamos como é precioso ao seu Pai. Derramado pela nossa salvação, trouxe ao mundo a graça do arrependimento.”

Na quarta-feira de cinzas, ouvimos as palavras de São Paulo implorando aos coríntios: “Em nome de Cristo, nós vos suplicamos: deixai-vos reconciliar com Deus.” (2Cor 5,20). Este convite ecoa por toda Igreja. Deus quer criar um coração puro em nós. Abramos nossas almas à graça de Deus, a fim de vivermos este tempo santo de penitência e reconciliação, este caminho de conversão para a Páscoa!

Como proposta de reflexão e de transformação de um quadro social, a Igreja do Brasil, através da Campanha da Fraternidade, traz como tema este ano: Fraternidade e Políticas Públicas. O objetivo da Campanha é despertar a consciência e incentivar a participação de todo cidadão na construção de uma sociedade melhor e no testemunho concreto da fé de cada cristão. Se as políticas públicas forem dignas, elas asseguram os direitos sociais de todos nós, sobretudo dos mais frágeis e vulneráveis. Aqui cabe nosso empenho de cristãos comprometidos, que lutam junto aos gestores públicos, com o propósito de promoverem o bem comum. Na verdade, fazer uma boa política, independente de qualquer opção partidária, significa construir uma verdadeira fraternidade respeitando e resgatando a dignidade de cada irmão e irmã. Tais políticas devem perpassar todos os setores da existência humana como educação, saneamento, saúde e outros; afinal, o direito é para todos independente do gênero, raça e condição social de seus destinatários. O objetivo só será atingido com nossas consciências renovadas e no empenho evangelizador de todos nós, em vista de uma sociedade mais justa e solidária.

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