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Protagonistas da Fé: O Chamado dos Cristãos Leigos

Protagonistas da Fé: O Chamado dos Cristãos Leigos

A missão da Igreja não é exclusiva do clero. Os cristãos leigos e leigas têm papel essencial na construção do Reino de Deus, tanto dentro da comunidade eclesial quanto na sociedade. São homens e mulheres que, pelo batismo, participam da missão evangelizadora, vivendo sua fé no cotidiano e testemunhando os valores do Evangelho em todos os ambientes.

Embora o termo “leigo” seja frequentemente usado de forma pejorativa para indicar alguém sem conhecimento ou autoridade, sua origem é bem diferente. Derivado do grego laos, que significa “povo”, o leigo é, na tradição cristã, aquele que pertence ao povo de Deus. O leigo não é um “não especialista”, mas sim um batizado chamado a viver sua fé no mundo, com dignidade e responsabilidade. Essa compreensão resgata o valor profundo da vocação laical, que não é menor ou secundária, mas essencial à missão da Igreja.

O Concílio Vaticano II foi um marco na valorização do laicato. Documentos como Lumen Gentium e Apostolicam Actuositatem afirmam que os leigos são chamados a atuar “no mundo e a partir do mundo”, transformando as realidades sociais, políticas, econômicas e culturais com o fermento do Evangelho. Essa atuação não é secundária, mas parte integrante da missão da Igreja.

Biblicamente, a vocação dos leigos encontra respaldo em passagens como 1 Pedro 2,9: “Vós sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade de Deus”. Essa afirmação reforça que todos os batizados são chamados à santidade e ao testemunho, independentemente de sua função ministerial. O apóstolo Paulo também destaca, em 1 Coríntios 12, a diversidade de dons e serviços no Corpo de Cristo, onde cada membro tem sua importância.

Na prática, os leigos atuam em diversas frentes: na catequese, na liturgia, na pastoral social, na política, na educação, na cultura e na defesa dos direitos humanos. São presença viva da Igreja no mundo, levando a fé para além dos muros do templo. O leigo é aquele que está no chão da vida, onde a Igreja precisa estar.

A organização dos leigos também é fundamental. Conselhos, movimentos e organismos como o CNLB (Conselho Nacional do Laicato do Brasil) fortalecem a formação, a articulação e a representatividade dos cristãos leigos. Essa estrutura permite que sua voz seja ouvida e que sua ação seja mais eficaz e coerente com os desafios do tempo presente.

Apesar dos avanços, ainda há obstáculos: clericalismo, falta de formação e pouca valorização da vocação laical em algumas comunidades. Superar esses desafios exige compromisso com a formação integral, abertura ao diálogo e reconhecimento da dignidade de todos os batizados como protagonistas da missão.

Em síntese, os cristãos leigos e leigas são pilares da Igreja em saída, como propõe o Papa Francisco. Sua presença no mundo é sinal do amor de Deus que se encarna na história, nas lutas e nas esperanças do povo. Valorizar e fortalecer o laicato é investir na vitalidade da Igreja e na transformação da sociedade à luz do Evangelho.

 

Texto: Laudelino Augusto dos Santos Azevedo

Foto de Diocese da Campanha

Diocese da Campanha

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