Um dos momentos mais envolventes e alegres na vida de uma diocese é, sem dúvida, a ordenação sacerdotal. Neste mês a nossa diocese da Campanha recebeu cinco novos padres. É sempre um presente de Deus para o seu povo. As vocações surgem no seio de uma comunidade paroquial e se destinam ao serviço do rebanho do Senhor. É um “sim” generoso e abnegado a um Deus que coloca o seu tesouro em “vasos de argila”. A ordenação de um presbítero é a celebração da resposta ao mistério do chamado de Deus a cada um de nós, humildes e frágeis criaturas. Como bem destacou São João Paulo II na Exortação Apostólica Pastores dabovobis: “A história de cada vocação presbiteral, como aliás qualquer vocação cristã, é a história de um inefável diálogo entre Deus e o homem, entre o amor de Deus que chama e a liberdade do homem que no amor responde” (PV, 3).
O sacerdote é um discípulo permanente do Senhor e reflexo deste amor que nos envolve. Isto significa que sua relação com o Mestre Jesus deve marcar a sua existência presbiteral. O único fruto que Cristo exige de seus discípulos, pastores do seu rebanho, é o amor; nada mais. A doação total da vida é o sinal máximo deste amor. Este é o imperativo que Jesus deixou para nós. Nenhuma vocação produzirá frutos se ela não impactar o mundo com o anúncio do amor de Deus, isto é, da sua misericórdia. “Eu te amo com amor eterno; por isso, te atraí com misericórdia” (Jr 31, 3). Somos chamados pela sua misericórdia a sermos ministros dela. Portanto, o sacerdote deve viver a experiência de um amor sem fronteira e sem distinção, ou seja, ter o desejo de chegar a todos num pastoreio sem predileções e sem excluir ninguém; facilitando sempre o encontro com Deus, como ponte que ele deve ser.
A imagem bíblica de Cristo Pastor é uma das mais inspiradoras do ministério sacerdotal. “Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá sua vida pelas ovelhas” (Jo 10, 11). Graças à sua consagração e configuração em Cristo, operada pelo Espírito Santo na efusão sacramental da ordem, a vida sacerdotal é plasmada por atitudes e comportamentos próprios de Jesus cabeça e pastor (PV, 21). O bom pastor vive e desempenha sua autoridade no serviço à Igreja. A característica essencial do bom pastor é servir o povo de Deus. A caridade pastoral exige atenção e compaixão pelas ovelhas, sobretudo as mais abatidas e periféricas. Pastorear requer uma atitude de saída, sem acomodação; sendo pastor atento a todo o rebanho, capaz de estar próximo, ouvir e acompanhar, semeando, generosamente, a alegria do Evangelho.
Por fim, cabe ainda aqui recordar as palavras do Papa Francisco aos sacerdotes e vocacionados: “sejam próximos de Deus, próximos ao bispo, que é o seu pai, próximos no sacerdócio como irmãos, sem ‘acotovelar-se’ um contra o outro; próximos ao povo de Deus, tendo sempre diante dos olhos o exemplo de Cristo, o bom pastor que não veio para ser servido, mas para servir”(Ordenação sacerdotal, Basílica São Pedro, 11 de maio 2019). Que o Senhor da messe nos envie sempre operários, a fim de que o rebanho não se perca por falta de pastores.