Nestes mais de 100 anos de história, a Diocese da Campanha teve a alegria de ser, no passado, administrada por 6 bispos diocesanos, 3 administradores apostólicos e 1 administrador diocesano. São eles:
Dom Frei Diamantino Prata de Carvalho, OFM
Bispo Diocesano (02/05/1998 a 25/11/2015)
Nascimento: 20 de novembro de 1940 – Manteigas, Portugal
Profissão solene na Ordem Franciscana: 02 de agosto de 1971
Ordenação Presbiteral: 10 de dezembro de 1972
Nomeação Episcopal: 25 de março de 1998
Dom Frei Diamantino Prata de Carvalho OFM (Manteigas, 20 de novembro de 1940) é um frade franciscano e bispo católico nascido em Portugal e radicado no Brasil. É o bispo emérito de Campanha.
Biografia
Dom Diamantino foi ordenado padre no dia 10 de dezembro de 1972. No dia 25 de março de 1998 foi nomeado o sexto bispo da diocese de Campanha e recebeu a ordenação episcopal das mãos de Dom Serafim Fernandes de Araújo no dia 2 de maio desse mesmo ano. Seu lema episcopal é Servir com alegria.
Brasão e Lema
Descrição: Escudo eclesiástico partido, sendo o 1º de blau com um contra-chefe denteado de sinopla, tendo adestrada em chefe uma estrela de sete raios, de argente; o 2º de blau, com contra-chefe de argente, carregado de um ramo de oliveira de sinopla. Brocante sobre a partição, em chefe, uma pomba de argente. Atravessante, sobre os dois campos de blau, um Arco Íris, de sua cor, que toca a borda dos contra-chefes de cada campo. O Escudo assente em tarja branca. O conjunto pousado sobre uma cruz de ouro. O todo encimado pelo chapéu eclesiástico, forrado, com seus cordões em cada flanco, terminados por seis borlas cada um, tudo de verde. Brocante sobre a ponta da cruz, um listel de jalde com a legenda: SERVIRE IN LÆTITIA, em letras de sable.
Dom Guilherme Porto
Administrador Diocesano (1996-1998)
Nascimento: 21 de janeiro de 1942 – C. do Rio Verde/MG
Ordenação Presbiteral: 07 de agosto de 1966
Ordenação Episcopal: 12 de outubro de 1998
Dom Aloísio Roque Oppermann
O 5 º Bispo Diocesano da Campanha é gaúcho Dom Aloísio Roque Oppermann, SCJ. O lema de seu brasonário é Christus Dominus – Cristo é o Senhor (Tes. IV, 20).
Nasceu S. Excia. na cidade de São Vandelino, no estado do Rio Grande do Sul, a 19-06-1936. Fez seus estudos no Seminário de Corupá em Santa Catarina (1949/55), no convento Sagrado Coração de Jesus, em Brusque (1956/57), no Instituto Teológico Sagrado Coração de Jesus (1958/61), ordenando-se presbítero em Taubaté a 25-06-1961. Conferente do Presbiterado foi Dom Francisco Bórgia do Amaral.
Trabalhou como Educador no Instituto São Judas Tadeu no Orfanato de igual nome, na Escola Apostólica de São Miguel em Criciúma (1964/65), Professor e Orientador Educacional no colégio Dehon, em Tubarão (1968/8), Diretor da Escola apostólica São José em Rio Negrinho (Santa Catarina), Vigário da Paróquia de Santa Rita em Curitiba (1972/77), idem Vigário da paróquia Divino Espírito Santo de Varginha (1978/82), Conselheiro Provincial da Congregação dos Padres do Sagrado Coração de Jesus, em tudo revelando-se competente e atuante.
Criada que foi a diocese de Ituitaba, no Triângulo Mineiro, foi nomeado S. Excia. Para o 1º Bispo Diocesano dessa localidade, a 22-01-1983. sagrado Bispo, pelo Sr. Núncio Apostólico Dom Carlo Furno, a 21-04 de mesmo ano, organizou o Bispado, zelou pela causa de Deus e pelo seu reinado em todos os corações.
A 09-11-1988 foi nomeado Bispo Coadjutor de Dom Tarcísio, em Campanha, onde chegou a 28-12 do mesmo ano. Com a renúncia de Dom Tarcísio ao Bispado, por motivo de saúde, tornou-se S. Excia. O 5º Bispo Diocesano deste Bispado.
Dom Tarcísio Ariovaldo Amaral
O 4º Bispo Diocesano da Campanha foi paulista Dom Tarcísio Ariovaldo Amaral. Seu lema brasonário é Sincut qui ministrat – tal qual um servido ( S. Lucas, XXXII, 27).
Nasceu S. Excia. Na cidade de Tabatinga, no estado de São Paulo, a 23-12-1919. Fez seus estudos na cidade natal, depois ingressando na Congregação Redentorista, então estudando em Aparecida (anos de 1930/7), tendo cursado Filosofia e Teologia em Aparecida e em Tietê (1937/43) Direito Canônico e Civil (1947/51), doutorando-se na Universidade Lateranense de Roma (1947/51). Foi ordenado presbítero em 1943, a 1º de agosto.
Por algum tempo foi Vigário Cooperador e Jornalista (1944/47), Professor de Direito Canônico e de Sociologia e Reitor do Seminário Maior de Tietê (1951/61), Conselheiro Geral e Procurador da Congregação (1963/67), Superior Geral dos Padres Redentoristas em Roma (1967/73), Diretor da Editora e Santuário em Aparecida (1974), Membro da Equipe de Formação da Congregação (1976). Consultor da Comissão de Revisão do Código de Direito Canônico (1963/77), Membro do Sínodo dos Bispos (1971), Membro do Celam etc.
Nomeado Bispo Diocesano de Limeira, no estado de São Paulo, a 29-04-1976, foi sagrado Bispo a 25-08-1976. Foi o 1º Bispo Diocesano de Limeira, no que teve de muito lutar para a organização do Bispado, de seu Patrimônio, de suas Escolas, associações e entidades diversas. A 14-01-1984 foi transferido daquele Bispado para o da Campanha, na qualidade de Bispo Diocesano.
No seu profícuo governo da Diocese, visitou pastoralmente todas as paróquias e levou a bom termo muitas frentes de trabalho, assim fazendo crescer a Diocese sob diversos aspectos.
Por motivo de saúde, teve que renunciar a direção do Bispado, no ano de 1991. Após, a renúncia foi residir em Aparecida, São Paulo, no convento dos Padres Redentoristas, onde exerceu o ministério e o magistério junto de seus confrades.
Dom Othon Motta
O 3º Bispo Diocesano da Campanha foi o carioca Dom Othon Motta. No seu Brasão a versete latina “In vínculis caritatis” – “nos vínculos da caridade”(Oséias 11,04).
Nasceu S. Excia. No Rio de Janeiro a 12-05-1913. Fez seus estudos eclesiásticos nos Seminários do rio de Janeiro e de São Paulo, completando-os em 1935. No dia 12-01-1936 foi ordenado presbítero e escolhido para Professor de diversas disciplinas no Seminário de São José, no Rio Comprido. Foi igualmente, por muitos anos, Diretor Espiritual no Seminário.
Foi agraciado com o título de Cônego do Venerável Cabido da Rio de Janeiro e, depois, preconizado Bispo de Uzita e Coadjutor de Dom José Justino de Santana, Bispo de Juiz de Fora. Logo depois, foi sagrado Bispo a 24-05-1953 e até 1957 e trabalhou no Bispado de Juiz de Fora. A seguir, foi nomeado Bispo Auxiliar de Dom Jaime Câmara, no Rio de Janeiro. Mais tarde, a 30-05-1959 foi designado Bispo Coadjutor, com direito à sucessão, de Dom Inocêncio, em Campanha.
Em sua apresentação ao clero e aos fiéis, assim se externou Dom Inocêncio: “Escolha feliz, indicação abençoada… De coração em festa… a Diocese recebe. Competente, modesto e afável, professor emérito, diretor espiritual piedoso, compreensível, acessível, amigo de todos”. Realmente, Dom Othon foi tudo isso e mais ainda, no que se revelou verdadeiro discípulo de Cristo. Por algumas vezes visitou pastoralmente todo o Bispado e plantou nos corações o santo temor de Deus e a caridade evangélica ao próximo, bem como a devoção a Nossa Senhora.
Entretanto, a doença de Parkinson progredia e lhe minava o organismo. Durante muitos anos, Deus lhe mandou dois intrépidos cireneus: Dom Antônio Afonso de Miranda e Dom José D’Angelo Neto. O 1º, seu Administrador Apostólico desta Diocese desde 06-10-1976 até 1981, quando foi nomeado Bispo Diocesano de Taubaté; o 2º de 1982 a 1984, também Administrador Apostólico da Diocese e Arcebispo Metropolitano de Pouso Alegre.
Na idade de 72 anos, depois de muitas provas de resignação e de paciência, faleceu piedosamente a 04-01-1985 e foi sepultado na cripta da Catedral.
Dom frei Inocêncio Engelke
O 2° Bispo Diocesano da Campanha foi o catarinense Dom frei Inocêncio Engelke, ofm. O lema de seu Brasão episcopal foi Pax et Véritas – a Paz e a Verdade (Isaías 39.8).
Nasceu na cidade de Joinville, no estado de Santa Catarina, a 11-03-1881. Ao entrar para o Seminário Seráfico teve seu nome de batismo – Francisco – permutado para Inocêncio, sendo ele o 1º aluno da Província Franciscana do Sul a ordenar-se presbítero, o que ocorreu a 31-01-1907, pela imposição das mãos de Dom Duarte Leopoldo e Silva. Em Curitiba e em Petrópolis foi professor de diversas disciplinas, diretor Espiritual de algumas Associações e Definidor da Província Franciscana.
A 04-07-1924 foi nomeado Bispo Titular de Trapezópolis e Coadjutor de Dom Ferrão, em Campanha. Foi sagrado Bispo por Dom João Francisco Braga a 22-01-1925, tomando posse da Diocese no dia seguinte.
Por 11 anos foi Bispo Coadjutor de Dom Ferrão. Em seu fecundo episcopado em campanha, realizou muitas obras de vulto, destacando-se a construção de um novo prédio para o Seminário Diocesano, onde se formaram 56 sacerdotes do Clero Secular:
“Vezes cincoenta e seis, infatigável,
a destra mão do Artista Caprichoso,
transmudou pobres seres na inefável
glória de padres de Deus Poderoso” (P.T.)
Outros seus empreendimentos foram a reforma da Catedral, o Palácio Diocesano São José, o Museu Regional que lhe leva o nome etc.
De grande projeção no Brasil inteiro foi sua momentosa carta Circular de nome “Conosco, sem Nós e contra Nós se fará a reforma rural”, documento esse lançado em circulação no ano de 1949.
“Fecundidíssima e benfazeja, de fato, a atuação pastoral do Bispo sucessor de dom Ferrão, novo governo da Igreja Campanhense! Seu báculo firme e intrépido – escrevera então um sacerdote – abre caminho e norteia rumos; e aparecem ermidas, capelas e igrejas e surgem escolas, ginásios e colégios e fundam-se Seminários, Juvenatos e Escolas Apostólicas”.
No dia 16 de junho 1960, aos 79 anos, ele faleceu.
DOM JOÃO DE ALMEIDA FERRÃO
A cidade de Campanha, considerada berço do Sul de Minas, sempre contou com filhos ilustres. Dentre considerado número de diletos filhos, como encontramos noticiado no jornal “Almanach Sul-Mineiro” de 1874, encontramos o Capitão Francisco Ferrão de Almeida Trant, descendente de distinta família de militares, que prestou serviços à causa pública e foi por longos anos um dos escrivães do Juízo, além de protetor e regente da Irmandade das Mercês, à qual era confiada a capela das Mercês, e fiel benfeitor da Igreja das Dores. Com fé forte e confiante, conduziu sua família. Um de seus filhos, João de Almeida Ferrão, foi ordenado e tornou-se o primeiro bispo da Campanha.
D. Ferrão, nasceu em Campanha a 30 de julho de 1853. Seus estudos primários, na época denominado de “estudos de humanidades”, foram feitos na cidade natal. Depois, em Três Pontas/MG continuou seus estudos sob a Tutela do Servo de Deus Padre Francisco de Paula Victor, o ”Pe. Victor, “o santo de Três Pontas”, homem de grandes virtudes. Seguiu para Mariana onde concluiu essa etapa, sob a direção e os cuidados de D. Viçoso, cuja fama de santidade também é conhecida. O seminarista Ferrão recebeu das mãos do santo Bispo, em maio de 1873, após concluir os estudos de teologia do Seminário do Caraça, a tonsura e as ordens menores. Fruto de todo processo formativo, D. Ferrão tinha uma fé robusta e inteligência privilegiada. Recebeu o sub-diaconato em 30 de março de 1875. Foi ordenado diácono por Dom João Antônio dos Santos, o virtuoso Bispo de Diamantina, no dia 24 de junho de 1876 na Catedral de Diamantina e no dia seguinte, 25 de junho de 1876 o presbiterato.
Pe. João chegou a Campanha em 16 de julho de 1876, cantou sua primeira missa na antiga Matriz no dia 30 de julho, dia de seu aniversário natalício. Foi capelão da Igreja das Dores, Provedor e Diretor do Ginásio São Luís Gonzaga (Campanha) permanecendo em Campanha até 1886, depois foi pároco de Machadinho (hoje Poço Fundo/MG) até sua transferência para a Diocese de São Paulo. Em São Paulo, sob o convite de D. Lino Deodato Rodrigues de Carvalho foi professor de Filosofia e de Teologia Dogmática no Seminário de São Paulo, e Pároco de Carmo da Escaramuça (atual Paraguaçu/MG) que então pertencia àquela diocese. Neste período ele seguiu para Europa, junto com D. Silvério Gomes Pimenta, bispo de Mariana, tendo percorrido a França, a Itália, a Espanha, o Egito até chegar à Terra Santa. Regressando a Campanha, seguiu em 1897 para ser professor de Francês no Ginásio Normal de Três Pontas, até 1898 quando foi nomeado Vigário de Varginha.
Em agosto de 1901, chamado por D. João Baptista Correa Nery, seguiu para Pouso Alegre/MG, onde foi professor de Direito Canônico e de Moral no Seminário de Pouso Alegre, Prelado Doméstico de Sua Santidade o Papa Leão XIII (07-10-1903), Conselheiro Diocesano (28-02-1904), Protonotário Apostólico de Pio X (27-08-1905), Cônego Catedrático e Arcipreste do cabido de Pouso Alegre (18-03-1907) e Vigário Geral de Pouso Alegre em 28 de outubro de 1901. S. Excia era Conde da Santa Sé e Assistente ao Sólio Pontifício.
Desde o final do século XIX cogitava-se a criação de uma diocese no Sul de Minas Gerais, o que acabou se concretizando em 1901 com a fundação da Diocese de Pouso Alegre. No entanto, a cidade de Pouso Alegre não era a única a postular receber a sede de um bispado. Campanha, mesmo porque como já afirmamos, sendo o “berço” do Sul de Minas também através de seus tantos diletos e influentes filhos, buscaram para a terra natal, tão ilustre presente e graça de Deus. Isto exigiu esforço de muitos campanhenses, de forma singular e aprofundado o indispensável e incansável empenho do então Monsenhor Ferrão, Vigário Geral de D. Nery, para a fundação e ereção da Sé da Campanha, que ao ser criada teve como Administrador Apostólico D. Nery e em 29 de abril de 1909, nomeado por Sua Santidade o Papa Pio X, São Pio X, o Monsenhor João de Almeida Ferrão, para ser “príncipe da Igreja”, servidor do Senhor, Pai e Pastor, um Bispo zeloso.
Mons. Ferrão foi preconizado Bispo Diocesano da Campanha a 27 de abril de 1909 e sagrado bispo por S. Emª. Dom Joaquim Arcoverde de Albuquerque Cavalcanti, cardeal do Rio de Janeiro, auxiliado por Dom Nery (agora bispo de Campinas/SP) e de Dom Antônio Assis (então bispo de Pouso Alegre/MG), a 12 de setembro de 1909 em uma solene cerimônia na Igreja Matriz de Campanha, agora elevada à Igreja Mãe da Diocese da Campanha, Catedral do bispado. O lema de seu Brasão episcopal foi “Dominus Fortitudo Nostra” – O Senhor é Nossa Fortaleza (Salmo 42,2).
Tomando posse da Diocese, logo fundou o Seminário de Nossa Senhora das Dores, o Ginásio Diocesano São João, organizou as Paróquias da Diocese, seus colégios e escolas, suas Associações Religiosas, além de trazer inúmeras congregações religiosas para a Diocese. Dom Ferrão visitou inúmeras vezes a Diocese, e por alguns anos o fez sobre um cavalo. Suas visitas seguiam o Ritual oficial das Visitas Pastorais dos Bispos, seguindo todo cerimonial e pompa. Com muito cuidado e organização, constituiu vultosas quantias tanto em dinheiro, quanto em patrimônio para a sobrevivência da Diocese e manutenção do Seminário. Por alguns anos prestou bons serviços a Dom Epaminondas, no bispado de Taubaté, onde efetuou muitas ordenações religiosas e diocesanas.
D. Ferrão dispensou sempre profundo respeito e amizade sincera aos seus filhos espirituais, desde os empregados mais humildes, bem como para com seus seminaristas que “eram a pupila de seus olhos paternais”, até os velhos sacerdotes que o ajudavam no múnus pastoral.
Com 83 anos de vida, faleceu em Campanha na noite de Natal (24 para 25 de dezembro de 1935). “Mal soaram as badaladas que anunciavam a meia-noite santa, o grande Bispo estremeceu uns instantes e, entre as orações dos que o cercavam, entrega a sua alma cândida ao Senhor” (assim anunciava ao Clero e aos Fiéis a infausta notícia, o bispo Coadjutor Dom Inocêncio).