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Sábado Santo: A Vigília das Vigílias

Sábado Santo: A Vigília das Vigílias


Foto-23Ó noite de alegria verdadeira, que une de novo o céu e a terra inteira! Esse é o refrão de uma das melodias propostas para o Exultet, o precônio pascal, e sintetiza muito o espírito com que devemos participar e vivenciar esta celebração que é o ápice de toda a vida católica. A celebração foi presidida por D. Pedro Cunha Cruz e co-celebrada pelo vigário paroquial Pe. Edson Pereira de Oliveira. Participou a Irmandade do Santíssimo Sacramento, os Ministros da Comunhão além dos familiares e padrinhos dos quatro catecúmenos que receberam os sacramentos de iniciação cristã na celebração. 

A Vigília Pascal é tão importante para os católicos que sua estrutura é totalmente diferente da estrutura de uma missa comum. Ela tem início na área externa da igreja, com a Liturgia da Luz, onde o presidente da celebração abençoa o fogo novo e o Círio Pascal. É o próprio Cristo que vence as trevas da morte e ressurge para a luz.  Com os fieis com velas acesas, foi entoado o Exultet, pelo vigário paroquial, acompanhado pelo Coral Catedral.

A Liturgia da Palavra é uma perfeita catequese da história da salvação. Na sua totalidade são 8 leituras. Dessas leituras, a única obrigatória é a do Êxodo. As outras podem ser suprimidas. Na paróquia Santo Antônio, foram proclamadas 5 leituras: A poema da criação do Gênesis, primeira página da Bíblia (Gn 1, 1-2, 2); o sacrifício de Abraão (Gn 22,1-18); o relato da passagem do Mar Vermelho (Ex 14,15-15,1); Uma das profecias de Isaías, sobre a gratuidade da salvação (Is 55, 1-11); e a Epístola de São Paulo aos Romanos (Rm 6, 3-11). Cada leitura acompanhada de seu respectivo salmo.

A homilia de Dom Pedro iniciou de maneira diferente. Disse à Assembleia que é a única celebração onde não é necessário dizer muita coisa. Explicou que a liturgia é tão rica, que não há necessidade que o presidente acrescente nada. A Vigília Pascal é tão cheia de significado, que palavras não traduzem o sentido desses sinais.

“Mas eu começo minha homilia de hoje, fazendo um agradecimento, uma observação e um elogio. Agradecendo os fieis que estão aqui essa noite. Observando quantos fiéis ontem beijaram a cruz de Cristo, eu assentado na cátedra meditava: ‘será que na Vigília Pascal, nós teremos a igreja tão cheia assim?’. Elogio também pelos fiéis que participaram durante o tempo da quaresma, que é todo um percurso espiritual que nos permite celebrar com toda plenitude e ardor a Páscoa do senhor Jesus. Elogio também os fiéis que participam do Tríduo Pascal que nos prepara para o dia de amanhã, Domenica in Laudes, o domingo da manhã da ressurreição; que observam liturgicamente o significado da importância das três celebrações, preceito para todos nós. […] Infelizmente nós temos cristãos que acham podem participar somente do Domingo de Páscoa ou de uma ou outra celebração do Tríduo Pascal”

Continuando D. Pedro mencionou a homilia no grande Sábado Santo, de autor desconhecido, do século IV. A Ressureição do Senhor se estende durante sete semanas e sete dias, desembocando em Pentecoste, com o Espírito Santo derramado. Jesus não deixa seu povo órfão.

“Hoje também na sua homilia, […], o Papa Francisco falou tão bonito, partindo da imagem do santo Evangelho, da corrida das mulheres e dos apóstolos. Pedro deixou a luz de Deus entrar em seu coração, sem que essa luz o sufocasse, e sem que ele buscasse essa luz; deixou a luz entrar plenamente. Por isso nós acendemos todas as luzes da igreja durante o Glória e repicamos os sinos, num sinal bonito e forte. Por que estamos meio na penumbra, nem luz nem escuridão total. Mas com o Glória da ressurreição que nós prendemos todo o tempo da quaresma, exceto no dia de São José, soltamos hoje com toda a alegria. Como Pedro e as Mulheres temos que encontrar a luz e a esperança. Se nós abrirmos o sepulcro de nosso coração, encontraremos a luz da esperança!”

Após a homilia, teve início a Liturgia Batismal. Dom Pedro acolheu no seio da igreja quatro catecúmenos, que receberam os sacramentos de iniciação cristã: Batismo, Eucaristia e Crisma. A Liturgia Eucarística transcorreu como de hábito.

Vale ressaltar que o grupo de Seresta Luar também participou, entoando cânticos populares, no adro da Catedral, antes da celebração ter início, convidando os fiéis para a participarem da Bênção do Fogo Novo.

Fonte: PASCOM/Campanha

 

Homilia citada por D. Pedro Cunha

De uma Homilia no Grande Sábado Santo – Séc. IV – Autor Desconhecido – 


Da Liturgia das Horas

Que está acontecendo hoje? Um grande silêncio reina sobre a terra. Um grande silêncio e uma grande solidão. Um grande silêncio, porque o Rei está dormindo; a terra estremeceu e ficou silenciosa, porque o Deus feito homem adormeceu e acordou os que dormiam há séculos. Deus morreu na carne e despertou a mansão dos mortos.

Ele vai antes de tudo à procura de Adão, nosso primeiro pai, a ovelha perdida. Faz questão de visitar os que estão mergulhados nas trevas e na sombra da morte. Deus e seu Filho vão ao encontro de Adão e Eva cativos, agora libertos dos sofrimentos.

O Senhor entrou onde eles estavam, levando em suas mãos a arma da cruz vitoriosa. Quando Adão, nosso primeiro pai, o viu, exclamou para todos os demais, batendo no peito e cheio de admiração: “O meu Senhor está no meio de nós”. E Cristo respondeu a Adão: “E com teu espírito”. E tomando-o pela mão, disse: “Acorda, tu que dormes, levanta-te dentre os mortos, e Cristo te iluminará.

Eu sou o teu Deus, que por tua causa me tornei teu filho; por ti e por aqueles que nasceram de ti, agora digo, e com todo o meu poder, ordeno aos que estavam na prisão: ‘Saí!’; e aos que jaziam nas trevas: ‘Vinde para a luz!’; e aos entorpecidos: ‘Levantai-vos!’

Eu te ordeno: Acorda, tu que dormes, porque não te criei para permaneceres na mansão dos mortos. Levanta-te dentre os mortos; eu sou a vida dos mortos. Levanta-te, obra das minhas mãos; levanta-te, ó minha imagem, tu que foste criado à minha semelhança. Levanta-te, saiamos daqui; tu em mim e eu em ti, somos uma só e indivisível pessoa.

Por ti, eu, o teu Deus, me tornei teu filho; por ti, eu, o Senhor, tomei tua condição de escravo. Por ti, eu, que habito no mais alto dos céus, desci à terra e fui até mesmo sepultado debaixo da terra; por ti, feito homem, tornei-me como alguém sem apoio, abandonado entre os mortos. Por ti, que deixaste o jardim do paraíso, ao sair de um jardim fui entregue aos judeus e num jardim, crucificado.

Vê em meu rosto os escarros que por ti recebi, para restituir-te o sopro da vida original. Vê na minha face as bofetadas que levei para restaurar, conforme à minha imagem, tua beleza corrompida.

Vê em minhas costas as marcas dos açoites que suportei por ti para retirar de teus ombros o peso dos pecados. Vê minhas mãos fortemente pregadas à árvore da cruz, por causa de ti, como outrora estendeste levianamente as tuas mãos para a árvore do paraíso.

Adormeci na cruz e por tua causa a lança penetrou no meu lado, como Eva surgiu do teu, ao adormeceres no paraíso. Meu lado curou a dor do teu lado. Meu sono vai arrancar-te do sono da morte. Minha lança deteve a lança que estava dirigida contra ti.

Levanta-te, vamos daqui. O inimigo te expulsou da terra do paraíso; eu, porém, já não te coloco no paraíso mas num trono celeste. O inimigo afastou de ti a árvore, símbolo da vida; eu, porém, que sou a vida, estou agora junto de ti. Constituí anjos que, como servos, te guardassem; ordeno agora que eles te adorem como Deus, embora não sejas Deus.

Está preparado o trono dos querubins, prontos e a postos os mensageiros, construído o leito nupcial, preparado o banquete, as mansões e os tabernáculos eternos adornados, abertos os tesouros de todos os bens e o reino dos céus preparado para ti desde toda a eternidade”.

 

 

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