5º Plano Diocesano de Pastoral: caminhar juntos na missão.

Braso D. Pedro

A nossa centenária Diocese da Campanha, após revisar o seu quarto Plano Diocesano de Pastoral, como caminho percorrido à luz do Espírito e iluminado pela Palavra de Deus, concluiu o seu novo plano, com o objetivo de formar discípulos e discípulas de Jesus Cristo em Comunidades Eclesiais missionárias, à luz da evangélica opção preferencial pelos pobres.

O itinerário que iremos percorrer pelos próximos quatro anos, deve estar pautado nos quatro grandes pilares da ação evangelizadora: o pilar da Palavra, o pilar do pão, o pilar da caridade e o pilar da missão. Toda ação pastoral da Igreja deve partir do anúncio (querigma) e culminar com o compromisso missionário; somente assim ela favorecerá o encontro pessoal com Cristo de cada destinatário desta obra, que visa também resgatar a identidade da pessoa de forma integral, ou seja, na sua dimensão espiritual e social; visto que os desafios e demandas do mundo atual devem ser iluminados pelo Evangelho e transformados pela força do Reino de Deus.

Agradecemos o engajamento responsável e o trabalho já realizado por muitos leigos e leigas, sacerdotes, diáconos, religiosos, religiosas, seminaristas e as demais forças vivas da nossa Igreja, em suas respectivas ações pastorais. A alegria do Evangelho transforma a vida de todos e nos desperta para a missão. Como nos lembrou nosso querido Papa Francisco: “a vida é missão”. Cabe-nos obedecer ao chamado e acolher o envio missionário, que convida todos os batizados e batizadas a assumirem o anúncio da Boa-Nova com alegria e ardor, isto é, tratar a missão como um paradigma para nossa ação pastoral. A Igreja que “sai” é a Igreja que não perde a consciência do seu estado permanente de missão.

Desejo que cada membro desta igreja particular da Campanha assuma o seu papel significativo como sujeito ativo da missão evangelizadora, sendo protagonista de uma sociedade mais humana e justa. Evangelizar é dever da Igreja, faz parte da sua natureza. Nesta ação, ela escuta, dialoga e encontra, a fim de que possa servir como testemunha de Cristo (EG, 27).

Que o Espírito Santo nos transforme e nos conduza na direção do Reino prometido. Assumamos, com responsabilidade e dinamismo missionário, as orientações propostas e encaminhamentos deste Plano Pastoral com espírito de comunhão e participação, sinodalidade e unidade, para caminharmos juntos como Igreja, testemunha do amor e da fraternidade.

 

Com benção de pai e pastor,

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A Constituição Dogmática Dei Verbum do Concílio Vaticano II, recomenda vivamente a leitura assídua da Sagrada Escritura. Exorta todos os fiéis cristãos, religiosos e consagrados a esta frequente leitura (cf DV, 25). Como seria possível viver sem o conhecimento das Escrituras, se é por elas que se aprende a conhecer o próprio Cristo? Se de um lado a Bíblia nos ajuda a conhecer mais a figura e a pessoa de Cristo; de outro, ela ajuda a entender e aprofundar aquilo que vivemos em Cristo, isto é, ela nos ajuda a decifrar o sentido de nossa vida cristã. Por isto, a leitura orante da Palavra de Deus, também chamada de sentido espiritual, nos ajuda a descobrir como a Palavra de Deus, dita em linguagem humana, continua a nos falar no hoje de nossas vidas. Aqui reside a inesgotável riqueza e atualidade da Palavra de Deus.

A cada leitura atenta da Bíblia, percebemos a inesgotável riqueza da Palavra de Deus. O povo cristão procura e encontra na Bíblia “o conhecimento de Deus e do homem e o jeito pelo qual o justo e misericordioso Deus trata com os homens” (DV, 15). Podemos dizer que ela é a revelação da graça e da misericórdia de Deus (cf DV, 2).

A importância e significado primeiro da Bíblia está no fato de Deus se revelar, isto é, de se dar a conhecer no diálogo que estabelece conosco. Ele nos fala como a amigos e nos convida à comunhão com Ele. Mas não podemos nos esquecer que uma autêntica leitura da Bíblia deve ser sempre acompanhada pela oração, a fim de que se estabeleça o já mencionado colóquio entre Deus e nós. Neste sentido, é que vemos crescer cada vez mais entre os fiéis, a leitura orante da Bíblia. No silêncio e na oração, ouvimos Deus que nos fala. Assim, o mesmo Espírito que falou por meio dos Profetas, sustenta e inspira a Igreja no dever de anunciar esta mesma palavra acolhida e meditada. O testemunho e o anúncio da Palavra de Deus é a melhor forma de o homem responder à iniciativa de Deus que vem ao seu encontro e dialoga através de suas palavras (cf VD, 24).

A Conferência dos Bispos do Brasil, através da comissão episcopal para a animação bíblico-catequética, propõe a leitura da Carta de São Paulo aos Gálatas, cujo tema é: “Pois todos vós sois um só em Cristo Jesus” (Gl 3, 28). Nesta carta o Apóstolo Paulo destaca o valor da unidade de todos os cristãos, sejam estes de origem judaica ou pagã; já que pelo batismo somos todos filhos e filhas de Deus. Justificados pela fé, vivemos uma só unidade em Jesus Cristo. Todos os cristãos são filhos de Deus pela fé em Jesus Cristo, porque no batismo somos todos revestidos de Cristo (Gl 3, 27). O batismo nos faz novas criaturas em Cristo e, assim, somos incorporados no único corpo de Cristo.

Ao comemorarmos os 50 anos do Mês da Bíblia no Brasil, a leitura e reflexão da Carta de São Paulo aos Gálatas devem inspirar nossas comunidades eclesiais a renovarem o espírito de acolhida, unidade e reconciliação. “Aquele que recebe o ensinamento da Palavra torne quem o ensina participante de todos os bens. Portanto, enquanto temos tempo, façamos o bem a todos, principalmente aos da família da fé” (Gl 6, 6.10).

Numa época de urgente cuidado e abertura ao outro, a leitura e medição deste livro poderão auxiliar na superação do indiferentismo; indispensável aos membros do Povo de Deus e para um autêntico anúncio da Palavra, pois ela se torna eficaz quando traduzida no amor e no serviço ao próximo, sobretudo aos mais vulneráveis.  Amar o próximo é, num só tempo, a prova de que temos fé e o resumo de toda moral (Gl 5, 6-7). “Deus que não é indiferente, intervém na história a favor do homem e da sua salvação integral” ( Verbum Domini, 23).

Que o lançamento da semente da Palavra de Deus encontre terrenos férteis, a fim de fecundar o coração de todos, favorecendo o surgimento de uma humanidade renovada, aberta a Deus e aos irmãos.

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