“Alegrai-vos e exultai, porque grande é a vossa recompensa nos céus” (Mt 5, 12).

Braso D. Pedro

No início deste mês celebramos a solenidade de todos os santos, onde lemos o discurso de Jesus conhecido como Sermão da Montanha; este é, na verdade, um autêntico retrato da santidade, que todos nós devemos buscar viver. Jesus se apresenta como um novo Moisés que sobe ao monte (novo Sinai) e nos oferece uma lei perfeita e definitiva, isto é, a Nova Aliança ou a nova Lei, que purifica os corações daqueles que desejam contemplar a face de Deus.

As bem-aventuranças ensinadas por Jesus direcionam os nossos corações para o que constitui a essência da mensagem de Jesus, levando cada um a uma opção de vida radicalmente cristã. Aqueles que as seguem com espírito de pobreza, desprendimento e coração puro, certamente, podem ser considerados cidadãos do Reino de Deus.

As bem-aventuranças mostram também a condição daqueles que agora estão diante de Deus, ou seja, os pobres, os aflitos, os que têm fome e sede de justiça, os misericordiosos, promotores da paz e perseguidos por causa da justiça. Todos estes são chamados filhos de Deus; são os santos e santas diante de Deus. São aqueles que, pelo testemunho de suas vidas, lavaram e alvejaram suas vestes no sangue do Cordeiro (Ap 7, 14); que viveram as bem-aventuranças com fé e geraram frutos de amor.

A visão de Deus é a condição dos bem-aventurados, dos beatos, dos santos e santas; é estar em comunhão íntima com Deus. Isto ocorre com aqueles que O buscam com o coração sincero e puro; que não negaram o nome de Jesus, mas tiveram sempre seus olhos fixos Nele.

Os bem-aventurados são também, por vezes, perseguidos, pois são radicados na vida de Cristo e, como discípulos, seguem o seu itinerário; carregam a cruz de Cristo até a morte. Mas é justamente nesta configuração dolorosa que se chega à santidade, como adesão plena a Cristo. Em síntese, as bem-aventuranças são uma fonte de bênçãos para todos os que acolhem o amor de Deus e se deixam transformar por ele. Que a graça do batismo faça frutificar em nós o dom da santidade.

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A Constituição Dogmática Dei Verbum do Concílio Vaticano II, recomenda vivamente a leitura assídua da Sagrada Escritura. Exorta todos os fiéis cristãos, religiosos e consagrados a esta frequente leitura (cf DV, 25). Como seria possível viver sem o conhecimento das Escrituras, se é por elas que se aprende a conhecer o próprio Cristo? Se de um lado a Bíblia nos ajuda a conhecer mais a figura e a pessoa de Cristo; de outro, ela ajuda a entender e aprofundar aquilo que vivemos em Cristo, isto é, ela nos ajuda a decifrar o sentido de nossa vida cristã. Por isto, a leitura orante da Palavra de Deus, também chamada de sentido espiritual, nos ajuda a descobrir como a Palavra de Deus, dita em linguagem humana, continua a nos falar no hoje de nossas vidas. Aqui reside a inesgotável riqueza e atualidade da Palavra de Deus.

A cada leitura atenta da Bíblia, percebemos a inesgotável riqueza da Palavra de Deus. O povo cristão procura e encontra na Bíblia “o conhecimento de Deus e do homem e o jeito pelo qual o justo e misericordioso Deus trata com os homens” (DV, 15). Podemos dizer que ela é a revelação da graça e da misericórdia de Deus (cf DV, 2).

A importância e significado primeiro da Bíblia está no fato de Deus se revelar, isto é, de se dar a conhecer no diálogo que estabelece conosco. Ele nos fala como a amigos e nos convida à comunhão com Ele. Mas não podemos nos esquecer que uma autêntica leitura da Bíblia deve ser sempre acompanhada pela oração, a fim de que se estabeleça o já mencionado colóquio entre Deus e nós. Neste sentido, é que vemos crescer cada vez mais entre os fiéis, a leitura orante da Bíblia. No silêncio e na oração, ouvimos Deus que nos fala. Assim, o mesmo Espírito que falou por meio dos Profetas, sustenta e inspira a Igreja no dever de anunciar esta mesma palavra acolhida e meditada. O testemunho e o anúncio da Palavra de Deus é a melhor forma de o homem responder à iniciativa de Deus que vem ao seu encontro e dialoga através de suas palavras (cf VD, 24).

A Conferência dos Bispos do Brasil, através da comissão episcopal para a animação bíblico-catequética, propõe a leitura da Carta de São Paulo aos Gálatas, cujo tema é: “Pois todos vós sois um só em Cristo Jesus” (Gl 3, 28). Nesta carta o Apóstolo Paulo destaca o valor da unidade de todos os cristãos, sejam estes de origem judaica ou pagã; já que pelo batismo somos todos filhos e filhas de Deus. Justificados pela fé, vivemos uma só unidade em Jesus Cristo. Todos os cristãos são filhos de Deus pela fé em Jesus Cristo, porque no batismo somos todos revestidos de Cristo (Gl 3, 27). O batismo nos faz novas criaturas em Cristo e, assim, somos incorporados no único corpo de Cristo.

Ao comemorarmos os 50 anos do Mês da Bíblia no Brasil, a leitura e reflexão da Carta de São Paulo aos Gálatas devem inspirar nossas comunidades eclesiais a renovarem o espírito de acolhida, unidade e reconciliação. “Aquele que recebe o ensinamento da Palavra torne quem o ensina participante de todos os bens. Portanto, enquanto temos tempo, façamos o bem a todos, principalmente aos da família da fé” (Gl 6, 6.10).

Numa época de urgente cuidado e abertura ao outro, a leitura e medição deste livro poderão auxiliar na superação do indiferentismo; indispensável aos membros do Povo de Deus e para um autêntico anúncio da Palavra, pois ela se torna eficaz quando traduzida no amor e no serviço ao próximo, sobretudo aos mais vulneráveis.  Amar o próximo é, num só tempo, a prova de que temos fé e o resumo de toda moral (Gl 5, 6-7). “Deus que não é indiferente, intervém na história a favor do homem e da sua salvação integral” ( Verbum Domini, 23).

Que o lançamento da semente da Palavra de Deus encontre terrenos férteis, a fim de fecundar o coração de todos, favorecendo o surgimento de uma humanidade renovada, aberta a Deus e aos irmãos.

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